8 de março de 2012

It's a rollercoaster, baby.


Gostavas das alturas porque só assim deixavas de te sentir pequena. As pessoas como formigas a enganar a vida com algodão doce, as luzes como pontos indistintos que tornam tudo menos solitário. Mas, suspensa a centenas de metros, não tens ninguém que te segure a mão. Não há drama nenhum nisso; o que mais dói é contar com os outros, estraga-nos a biologia. Menos de cinco minutos de pausa na realidade, com menos oxigénio a que estás habituada, quase provando que és sobrehumana - não precisas de O2 para absolutamente nada, és independente com o teu monóxido de insatisfação, dióxido de sonhos. Não é tempo suficiente para organizar a vida, mas serve para juntar mais alguns cenários prováveis à equação: um amor, uma cabana, uma carteira suficientemente pesada, noite de dia e dia de noite, uma agenda socialmente agitada para esquecer as mágoas. Das viagens não precisas; não consegues ainda compreender como há quem prefira esvaziar a conta bancária para atravessar um oceano, quando o pensamento não tem limite de milhas. É lá preciso conhecer o mundo, quando somos todos iguais? Nojentos similares. Não podemos com o cheiro uns dos outros no metro no autocarro nos centros comerciais nos supermercados na segurança social no site das finanças. Toda a gente odeia toda a gente, favores a cobrar favores a cobrar favores a cobrar favores a cobrar favores. E para onde queres ir? Para um sítio sem IVA? Escolhe Marte ou um dos novos planetas a quem ninguém quer dar nome, não vá ser mais fácil emitir bilhetes de partida. MFGXTSNB G4381010-09Z. Impronunciável destino de férias permanentes, para o qual já tens malas feitas.

Voltaste a pisar terra firme, mas já estás na fila para a segunda volta.

 

1 comentário:

  1. No metro de NY ninguém me cheirou mal. I'm almost home baby, hang in there. :) *

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